Perpendicular Bienal

Com cinco anos memoráveis de PERPENDICULAR, o artista Wagner Rossi nos levou a uma imersão performática com parcerias e vivências ímpares. Este ano, a história aconteceu lá no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, atravessando a 31ª Bienal de Arte de São Paulo, de 09 a 12 de outubro de 2014, com a união de quase cinquenta artistas do Brasil, Argentina, México, Chile, Filipinas, Austrália, Paquistão, Colômbia e Estados Unidos, representando uma potência à parte, na reconfiguração do espaço oficial, da qual tive a feliz oportunidade de estar junto.
A Bienal de São Paulo, para mim, tem uma importância mercadológica elitista apenas - um produto cultural construído a partir das relações entre determinados produtores culturais e seu meio social, visando mais o lucro que a expansão artística brasileira, ou Latino-americana, que seja -; acontece, que por mais discrepante que pareça o método de seleção de cada curadoria, e a indignação da classe ativista, quase todos os artistas que conheço gostariam de ter um espaço para expor suas pesquisas neste local (nem que seja para chocar com a estrutura).
No primeiro dia, muitos corpos presentes se reuniram para uma visita à exposição oficial, de maneira desviada, já que nos dispersamos enquanto grupo, inicialmente, para pesquisa de campo; porém nos unimos em potência e presença durante uma conversa com o artista selecionado pela 31ª Bienal, Arthur Scovino, que terminou se juntando aos perpendiculares e podendo inserir-se e estudar as duas óticas – a de quem está dentro e a de quem está fora das amarras da instituição.
No segundo dia de encontro, algumas ações começaram a chocar com a segurança local e nossos corpos dantes despercebidos pelo local, passaram a serem vigiados. Realizei a performance Liber(t)a, neste dia, na área Parque, e ao terminar a ação houve uma conversa com um dos curadores e a chefe de segurança, que tentaram impor alguns limites à nossa presença por ali – em vão. Muitas potências reunidas impediram que as imposições fossem acatadas, e um coro de vozes ativas visitou a Bienal em performance, reconfigurando poeticamente aquele espaço, mas também nos tornando alvo de vigília ainda mais intensa.
No terceiro dia, nossa simples presença pelo espaço passou a ser uma ameaça. Os seguranças haviam se reunido no dia anterior e acordado que não deveríamos performar por ali em hipótese alguma. Ainda assim, firmes no propósito aberto daquela edição da Bienal e defendendo nossos direitos enquanto artistas visitantes e atuantes, tivemos perfurações incríveis no local – pátio, entrada, área parque, restaurante e corredores internos foram tomados por corpos presentes.
No quarto e último dia, nada mais podíamos – nem ficar de pé encostado na parede (rs), ou circular pelo espaço fotografando; mas éramos muitos corpos para sermos contidos. Eu, particularmente, não me uni em performance, mas fiz alguns registros e fui meditar com o Gabriel Brito, que montou um áudio incrível sobre as impressões do que fazíamos ali.
Em uma reunião final, Arthur Scovino nos deu seu depoimento, acerca das impressões de quem estava dentro e fora, conforme mencionei acerca do primeiro dia; segundo o artista, “tínhamos muito mais liberdade criativa que ele, pela burocracia operante na Instituição, e nossas presenças havia levado novas energias ao local”, provocando, literalmente, a dita abertura, que na verdade não existia (talvez daí o slogan da Bienal – ‘Como falar de coisas que não existem?’ rs ).
 [Perfurando o dito aberto, porém fechado]
Gilmara Oliveira
#PerpendicularBienal

































Registros: Ed Marte, Eli Neira e Ramanery.
Performance: Liber[t]a - Gilmara Oliveira























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